segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Aluísio Azevedo em 3 livros!

Este homem bigodudo senhoras e senhores é de longe meu escritor brasileiro favorito e autor dos maiores romances expoentes do naturalismo brasileiro (bem, afinal foi ele quem fundou o movimento aqui no Brasil, né amores). Aluísio Azevedo (1857-1913) nasceu no Maranhão, filho de um casamento mal visto pela sociedade da época já que sua mãe separou-se do primeiro marido para viver com o pai de Aluísio. Tinha talento para o desenho, elaborando charges para os jornais nos quais trabalhou, mais tarde dedicou-se com mais afinco á carreira literária, produzindo alguns romances românticos "só pra vender" e outros mais reflexivos e críticos que vieram a marcar de fato seu nome dentro da literatura nacional. 

"Mas Jozita por que você ama esse homem?"
Porque ele é um homão da porra oras! Ele usou suas obras para criticar a sociedade brasileira de maneira pioneira, mostrando todo o racismo, desigualdade social e podridão em geral presente na sociedade que a maioria não tinha coragem de falar sobre. A escrita dele é maravilhosa, eu amo seus personagens humanos e a forma como ele descreve as situações, de um jeito muito sedutor que nos prende até a última página. Ao contrário do que muitos pensam, os clássicos deste homem não são difíceis de ler apesar de serem livros antigos. Sua crítica principal está no fato de ele mostrar como a sociedade pode moldar os indivíduos e o sistema social pode influenciar seus destinos praticamente os colocando numa gaiola sem saída. Os personagens do Aluísio são extremamente humanos, quase palpáveis, a gente odeia uns, torce pelos outros mas depois de alguns capítulos sabe que todo mundo vai se ferrar mesmo (é tipo um Game of Thrones brasileiro, haha). Não é spoiler pra ninguém depois dessa comparação que você vai ter vilões saindo vitoriosos e justos sendo condenados e pra quem ama ler uma boa desgraça realista é um prato cheio.

Brincadeiras a parte, é um escritor fundamental e infelizmente suas críticas sociais podem ser aplicadas até hoje pois como sabemos, racismo e desigualdade social fazem parte da realidade brasileira até hoje não é mesmo? 

Vou destacar aqui a tríade naturalista que o "Capeta do Maranhão" escreveu, cada obra um murro na cara mais forte que o outro:

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De 1881

O mulato vai contar a história de Raimundo, um jovem filho de um dono de terras com uma escrava, que se apaixona por sua prima branca Ana Rosa mas sofre uma rejeição macabra da sociedade apenas pela cor de sua pele. Embora a premissa pareça simples a gente vai enxergando ao longo da narrativa as entranhas da sociedade por meio da representação dos personagens como Dona Babu, Manuel Pescada, Padre Diogo, Quitéria (que chicoteava escravos com a cruz na outra mão), Luís Dias, etc.
A crise moral que Raimundo vai sofrer é minha parte favorita do livro, quando ele começa a cogitar em fazer coisas ruins já que toda a sociedade só espera o pior dele apesar de ser "estudado". Na minha modesta opinião nunca ouve amor entre ele e Ana Rosa, apenas desejo impulsionado em Raimundo pela proibição e nela por ele ser o único cara que não caía aos seus pés facilmente.


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De 1884
 Casa de Pensão vai contar a história do jovem estudante de medicina Amâncio de Vasconcelos que se muda do Maranhão para o Rio de Janeiro para estudar e lá começa a ser paparicado por ter os bolsos cheios de vintém. Ele sabe que está cercado de gente interesseira mas adora ser o centro das atenções e se deixa depenar. Mulherengo implacável e cínico, ele nos rende momentos de risada e quase nenhum de pena. Fica de olho na mulher do amigo do pai (Hortência), na mulher casada da pensão que se hospeda(Lúcia), na irmã do dono da pensão (Amélia), e consegue despertar a atenção das 3, esse é sagaz. João Coqueiro é seu maior amigo da onça e sim, mais do que tudo é uma história sobre ganância e falsidade, contando com personagens memoráveis como Lambertosa e Nini.




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De 1890

O cortiço vai contar várias histórias ao mesmo tempo pois são vários os moradores e seus conhecidos, portanto podemos dizer que nesse livro o personagem principal é o próprio ambiente do cortiço. Criado por um português ambicioso chamado João Romão que explora sua "esposa" negra Bertoleza e localizado do lado do sobrado do Miranda que João Romão tanto inveja, é povoado por personagens marcantes como Pombinha, Jerônimo, Maria da Piedade, Rita Baiana e Firmo, marcado pela imundície e balbúrdia e respira ambição, cobiça, luxúria e malícia. Esse é o cortiço minha gente, e na minha opinião o melhor livro da tríade.



As obras do Aluísio me dão uma vontade danada de ouvir um samba bem gostoso. Por isso recomendo durante a leitura que você ouça Cartola ou aquele álbum mara do Criolo chamado Espiral de Ilusão.

Até a próxima resenha gente!

Resenha por Joranny


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