quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

O Jogo do Anjo - Carlos Ruiz Zafón

Sinopse: "David Martín nasceu em Barcelona, no primeiro ano do século XX, e logo começou a tomar golpes da vida. Seu pai, segurança do Jornal La Voz de la Industria, morreu assassinado na porta da redação quando David era criança. O jeito para a escrita logo se manifestou, mas as oportunidades nunca estiveram à altura do potencial do rapaz.
               Aos 28 anos, cínico, habituado a vender barato seu talento, vivendo sozinho num lúgubre casarão em ruínas, David se descobre doente. Tem poucos meses pela frente. É quando surge em sua vida Andreas Corelli, um estrangeiro que se diz editor de livros. Sua origem é um mistério, mas sua fala é mansa e sedutora. Ele promete a David muito dinheiro, e sua proximidade parece, de forma inexplicável, devolver a saúde ao escritor.
          Em troca, Corelli não pede pouco: sua encomenda é um livro com potencial de influenciar milhões de vidas. O dilema de David, ao questionar os motivos do soturno editor, é saber se o custo de seu trabalho não será muito maior do que ele imagina"

Bem, eu sei que, para começar, O Jogo do Anjo não é um livro recente, já foi lançado faz alguns aninhos e, sim, a resenha está meio atrasada. Contudo, isso não é motivo de preocupação, pois um bom livro nunca se perde no tempo e deveria ser lido em qualquer momento da história. 

Essa resenha é para aqueles que, assim como eu, só tiveram a oportunidade de ler ou só se depararam com uma das obras de Zafón recentemente.

Bem, o livro é dividido em três atos e um epilogo. [Por onde começar...] Em geral, se você espera se emocionar, rir, chorar, as vezes até sofrer e ficar com o coração apertado acompanhando o protagonista David Martín em seus caminhos ao longo da vida, esse é o livro certo. Admito que, a princípio, lendo a sinopse, não achei que esse livro fosse me encantar tanto. Então, se você também tem um pouquinho de dúvida, pode começar a ler, não vai se arrepender.

O Primeiro Ato – A cidade dos Malditos – nos mostra Martín ainda jovem e inexperiente, sofrendo suas desilusões e, literalmente, apanhando da vida. Conhecemos logo nas primeiras páginas Dom Basilio Moragas e Dom Pedro Vidal, personagens que irão acompanhar o protagonista em toda sua trajetória neste primeiro momento.

Dom Pedro Vidal era o benfeitor de Martín, sempre presente na sua vida, o ajudando a superar as dificuldades após a morte de seu pai. Martín o via como uma alma generosa no mundo, argumento dado ao fato de nunca saber o verdadeiro motivo da “preocupação” que Vidal tinha com ele. Ainda no Primeiro Ato é revelado que Vidal tem um sentimento de culpa, já que o assassinato do pai de Martín se tratou de puro engano, pois tudo não se tratava de uma emboscada destinada a Vidal.

Temos Cristina, o grande amor de Martín, mas que acaba se casando com Vidal, argumentando que tanto ela quanto Martín têm uma dívida eterna com o benfeitor. Não posso dizer muita coisa sobre ela, aliás é um personagem que não me chamou muita atenção.

Temos o primeiro contanto com Andreas Corelli, um editor misterioso de Paris, na qual tem um interesse enorme no protagonista. A grande trama de mistério do livro está relacionada a esse personagem que ganha mais destaque no segundo e terceiro ato, momento no qual Martín passa a trabalhar em uma obra sob encomenda para o editor.

No Segundo Ato – Lux Aeterna – é o momento em que a história fica, não sei nem encontrar a palavra certa, “eletrizante”. Aqui é onde o mistério e o suspense ganham totalmente destaque e fazem o leitor devorar páginas avidamente. Bem, e quando descansamos do mistério e, ufa, damos uma pausa para o coração parar de desacelerar, nos deparamos com diálogos que fazem as lagrimas brotarem de tanto rir.

Aqui encontramos uma nova personagem: Isabella que, para confessar, está entrando para a lista de melhor personagem que conheci em toda minha vida. Engraçada, inteligente, esperta, com uma pitada de ironia e sarcasmo, mas com um coração do tamanho do mundo. Ela é responsável pela maior parte do humor da história.

A parte do mistério não irei comentar, pois tem coisas que não podem ser ditas em uma resenha, só lendo o livro mesmo. Trabalho que deixo para vocês leitores.

A última coisa que irei revelar do Segundo Ato, é que Martín após investigar o antigo proprietário da casa onde reside, Diego Marlasca, resolve cortar relações com Corelli e fugir para Paris com Cristina, isso mesmo, aquela que se casou com Vidal. Mas as coisas não dão lá muito certo e Cristina acaba desaparecendo.

O Terceiro Ato – O Jogo do Anjo – já começa trazendo uma onda de tristeza. Na realidade, o terceiro Ato, como um todo, é uma tristeza sem fim. Logo nas primeiras páginas nos deparamos com a morte do Sr. Sempere, um personagem que não mencionei, mas que está presente em todo o livro e é como se fosse o segundo pai de Martín. 

Depois, Martín resolve ir atrás de Cristina em um sanatório. Está certo que não me simpatizei muito com ela, mas esses capítulos foram tensos e Cristina acaba morrendo. Pedro Vidal, o benfeitor de Martín, acaba se suicidando. Temos também uma perseguição policial atrás do personagem principal e, por fim, um incêndio na casa da Torre causada por Diego Marlasca.

David Martín acaba o livro indo embora de Barcelona. Após isso, inicia-se um epilogo, 15 anos após sua ida. Nele vemos o relato que Martin não envelheceu nem um pouquinho e vive a vida como um nômade, sem se apegar a ninguém ou a lugar algum. Por fim, resolve comprar uma casa simples de frente para o mar.

E... Bem, estou dando muito spoiler! Só posso dizer que tem algo surpreendente, diria eu, no final. Mas, eu deixo esse gostinho de surpresa para vocês.

No geral, é um ótimo livro. Acompanhamos os passos de David Martín desde o inicio de sua vida, passando pela infância, a perda do pai, quando seu coração foi quebrado em mil pedaços por causa da Cristina, pelas desilusões que a literatura lhe trouxe e pelos poucos, mas grandes amigos, que sempre o acompanharam e deram força para que superasse seus desafios.

A unica decepção que tive foi relacionado ao personagem Andreas Corelli. Afinal, quem era ele? Um deus? Um demônio? Um ente sobrenatural?

A escrita de Zafón é perfeita. Tudo bem descrito, principalmente as partes de suspense. Ele cria personagens que tem vida, não é só um herói perfeito que vem para salvar o mundo, é um ser "real" que tem qualidades e defeitos como qualquer ser humano. Tenho certeza que, a partir de hoje, Carlos Ruiz Zafón e seus personagens David Martín e Isabella Gispert estarão sempre em minhas lembranças e, se possível, em parte de minha alma. 

Termino o resenha com um trecho do livro: "Acreditava que Deus, ou o que quer que seja que nos trouxe para esse mundo, vivia em cada uma de nossas ações, em cada uma de nossas palavras e se manifestava em tudo o que nos fazia ser algo além de simples figuras de barro. O sr. Sempere acreditava que Deus vivia um pouco, ou muito, nos livros e por isso dedicou a vida a partilhá-los, a protegê-los e a garantir que suas páginas, como nossas lembranças e nossos desejos, não se perdessem jamais, pois acreditava, e me fez acreditar também, que, enquanto restar uma só pessoa no mundo capaz de lê-los e vivê-los, haverá um pedaço de Deus ou de vida."

Nota: 4,5/5,0

Bem leitores, essa foi minha primeira resenha! Espero que tenham gostado. 
Papo Geek: Camila =P

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