
Quando criança o personagem principal era bastante introspectivo e gostava de ler livros de fantasia, a família dele era formada por pai, mãe e uma irmã e um dos quartos de sua casa era alugado a diferentes pessoas ( que ele observava muito atentamente durante essa época). A residência era localizada em uma espécie de interior, daqueles onde os quintais são amplos e os vizinhos moram longe uns dos outros. A vida ia seguindo de uma forma tranquila até o dia em que um dos inquilinos, deste quarto na casa do protagonista, falece e seu corpo é achado pelas redondezas perto da casa de sua futura amiga Lettie Hempstock; ele e o pai chegam ao local e se deparam com o cadáver do homem dentro de um carro, o garoto fica impressionado com a cena sendo afastado do local pela garota Lettie, poucos anos mais velha que ele. Ela o leva para casa e o apresenta para o restante de sua família, formada por mais duas mulheres, Gennie Hempstock (sua mãe) e sua avó que é chamada por todos de Velha senhora Hempstock. O fato de a família da garota ser formada por três mulheres poderia ser uma analogia as parcas da mitologia grega que também aparecem, mas sob influência mais nítida, na série literária Percy Jackson e os olimpianos. As mulheres Hempstock passam então a ajudar o garoto em sua futura jornada que começa dias depois quando acontecimentos estranhos começam a acontecer após a morte deste homem, como acidentes ocorridos envolvendo moedas que mais tarde serão decifrados por Lettie como culpa de monstros chamados "pulgas". Tudo se complica ainda mais quando a família do protagonista contrata uma babá de intenções suspeitas para tomar conta da casa e das crianças. Vou parar por aqui porque se não posso deixar escapar spoilers.
Antes de mais nada esse é um livro que ao nos proporcionar acompanhar a viagem do protagonista até a sua infância, acaba nos fazendo viajar também para dentro de nós mesmos. O primeiro contato que tive com Neil Gaiman foi através do filme Coraline e o mundo secreto e O oceano no fim do caminho é o primeiro livro dele que leio. Porém mesmo assim já consigo ver traços que só a fantasia dele possuem, crianças além de introspectivas bem mais maduras pra sua idade, monstros de tecido, cortes temporais e a presença da natureza como elemento mágico na história, são um conjunto bem marcante de características que me fazem olhar esse livro com muito carinho e admirá-lo ainda mais pela criatividade no enredo.
Também notei que um dos temas mostrados no livro é como cada pessoa lida com perdas e o fato da mente infantil modelar as lembranças, graças a imaginação fértil nessa fase, nos deixa em constante dúvida se o que o personagem principal fez foi juntar o que lia nos livros de fantasia com o que estava acontecendo ou se tudo realmente aconteceu mesmo. Reflexões como o que aconteceu de fato com Lettie ou a natureza da Pulga Ursula ou ainda se o narrador é o próprio autor do livro (e por isso a ausência de um nome para o personagem principal) , além de subjetivas são mais interessantes de se fazer após ler o livro por isso não me aprofundarei. De certo, as pessoas mais fechadas se identificarão muito com algumas situações e se não, ao menos a fantasia encantadora te prenderá na trama (uma das cenas mais fofinhas é quando o personagem principal "colhe" um filhote de gato do quintal de Lettie e o adota dando-lhe o nome de Oceano). É um livro que li ano passado e com certeza lerei novamente daqui a algum tempo, pois ao reler um livro, sempre vemos algo de novo já que nunca somos os mesmos, pra citar uma frase de O oceano no fim do caminho: "As pessoas mudam tanto quanto os oceanos".
Espero que tenham gostado da resenha e acima de tudo que eu tenha despertado o interesse de vocês pela leitura do livro! Até a próxima! ^^
Por: Joranny.
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